Como já contamos por aqui no artigo Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho!, a influência das canções para as crianças é muito mais do que um momento fofo para quem vê. Nesta fase, incluir um instrumento musical na vida dos pequenos é importante para o desenvolvimento em diversos aspectos.
Muito além da dança, meninos e meninas também podem começar uma conexão com instrumentos musicais. Além do desenvolvimento de sensibilidade e criatividade, essa é uma atividade interdisciplinar, ou seja, que estimula o aprendizado na vida infantil.

…é importante lembrar que as conquistas surgem de pequenos passos e em ritmos constantes.
Daniel Mauddonet
Assim como a dança, a pintura e outras manifestações de arte, tocar um ou mais instrumentos é uma ótima oportunidade para as crianças se expressarem. Antes de tudo, é importante entender se o seu pequeno realmente está motivado a aprender e curtir o processo de modo a evitar que a atividade se torne uma obrigação que o desmotive em pouco tempo.
Quem vai nos orientar a entender se os nossos filhos estão prontos para aprender a tocar algum instrumento é o nosso mago da música, Daniel Maudonnet. Aqui, o expert ajuda os pais a identificarem o momento ideal para introduzir os pequenos na música, além de trazer dicas para estimulá-los de maneira livre a adentrar este universo.
O instrumento musical é para todas as crianças
A voz e o corpo são dois instrumentos preciosos que todo ser humano traz consigo. Explorar os sons através deles desde cedo contribui para que as crianças tenham suas primeiras noções de ritmo, timbre, melodia e intensidade. A partir dessa primeira descoberta, elas podem experimentar uma diversidade de instrumentos, sem cobranças e expectativas.
Essa experiência desenvolverá a coordenação motora fina e grossa, a consciência corporal e a sensibilização da escuta – habilidades valiosas para qualquer profissional na vida adulta.
Qual a idade ideal para começar a tocar um instrumento musical?
É importante reconhecer individualmente cada criança para avaliar o momento de iniciar o estudo focado em um instrumento. De modo geral, recomendamos que seja por volta dos sete anos. Esta idade marca uma transição de assimilação de conhecimento que já foi teorizada e discutida por muitos pedagogos, como Piaget e Montessori.
Esta também é uma fase em que a comunicação se aprofunda e a alfabetização passa a fazer parte do universo dos pequenos, permitindo leitura, registro e interpretação de códigos. Com isso, sua capacidade de concentração aumenta e abre espaço para aulas e treinos repetitivos e centrados em objetivos mais específicos, como organizar a coordenação dos dedos das mãos, por exemplo.
Como identificar que o pequeno pode ser um futuro instrumentista?
Podemos elencar três pistas de que a criança se interessou de fato por um instrumento:
- ela tem preferência por lugares onde teve contato com ele (exemplo: um piano na casa da avó, um violão na sala de música da escola, uma bateria no quarto do primo);
- identifica a presença do instrumento ao ouvir uma gravação;
- brinca de mímica tocando aquele instrumento, demonstrando compreender basicamente a coordenação necessária para executá-lo.

Como colocamos anteriormente, é recomendado iniciar as atividades musicais no período em que as crianças começam a ter contato com lições de casa e provas, geralmente ao adentrarem o Ensino Fundamental I (por volta dos sete anos). Este é o momento em que elas aprendem a se preparar para serem testadas nos seus conhecimentos e passam a exercitar a autonomia na organização das próprias atividades escolares.
Mas antes de iniciar os estudos com música, é válido fazer uma atividade experimental para que o pequeno ou pequena possa testar na prática como é o aprendizado de um instrumento musical.

Finalizado o teste, é recomendado que ele comunique seus pais se o momento correspondeu às suas expectativas (se foi leve, divertido, etc). É importante que esta conversa seja feita longe do(a) professor(a) para não inibir sua sinceridade.
O ideal é que as aulas tenham regularidade para o desenvolvimento de um estudo focado. Mas é fundamental que não haja pressão por parte da família em ver resultados imediatos. Instrumentos musicais são complexos e exigem dedicação diária e a longo prazo.
Portanto, é importante aguardar um tempo para entender se o interesse da criança é permanente ou passageiro e, a partir daí, avaliar a sua evolução.
“Caso seu filho ou filha queira mudar sua escolha de instrumento, é fundamental que se procure entender os motivos: se há frustração com o próprio desempenho, dificuldade em ter paciência e persistência, ou é apenas uma mudança de interesse, muito comum na infância. Neste último caso em particular, é importante lembrar que as conquistas surgem de pequenos passos e em ritmos constantes. E que é normal termos dias mais motivados e outros sem tanta motivação para o estudo”, conclui Daniel.
Daniel Mauddonet
Graduado pela renomada Berklee College of Music em Boston nos Estados Unidos, o Daniel também tem mestrado pela EAESP – FGV. Com o nascimento da filha, que hoje tem 17 anos, começou a dar aulas de música para os seus coleguinhos de escola, mas rapidamente transbordou a capacidade de casa. Foi assim que ele resolveu fundar a escola de música Music & Me. Além de lecionar música para crianças, adolescentes e adultos, ele também lidera o grupo Daniel Maudonnet Noneto, com um repertório autoral de música brasileira, escreve para diversas orquestras e bandas sinfônicas e ministra a palestra Jazz Concept.