Chegou aquela época do ano que você parece viver em looping quando o assunto é a saúde da sua criança: semana sim, semana não, lá está ela resfriada, com o nariz escorrendo e a garganta doendo. Antes de cair em desespero ou bater cartão no Pronto Socorro, saiba que é considerado normal que crianças em idade escolar tenham entre seis a 10 resfriados ao ano! E boa parte deles vai acontecer justamente no outono e inverno. Mas, afinal, por que é tão comum esse quadro de resfriados nessa época? E como saber quando é necessário levar ao médico? Essas e outras dúvidas frequentes dos pais foram respondidas aqui pela pediatra Kesianne Marinho, autora do livro “A Médica e eu”. Spoiler: na maioria das vezes não é necessário levar ao médico! Entenda: de Oliveira, o que fazer

Stellar – Por que as crianças têm vários resfriados ao longo do ano?
Kesianne Marinho – Por conta da grande quantidade de vírus respiratórios que temos circulando. E muitos deles são mutáveis, o que faz com que o resfriado seja recorrente. Outro ponto é que os vírus que causam resfriado não geram uma resposta imune duradoura como a catapora, por exemplo. Crianças em fase escolar podem ter até mais de 10 resfriados ao longo do ano, justamente pelo contato direto com outras crianças. e sabemos que para muitos pais a escola é a principal rede de apoio, logo, não há opção de deixar a criança resfriada em casa. E isso colabora ainda mais para a propagação do vírus por toda a turma.
Stellar – Como saber diferenciar um resfriado “bobo” daquele que exige atenção médica?
Kesianne Marinho – Podemos nos basear em observar os sinais de gravidade. Se a criança está esperta, ativa e brincando, por mais que ela esteja resfriada, com o nariz escorrendo ou com tosse, isso já é um sinal tranquilizador.
Devem ser levados ao pediatra os casos de resfriados com duração maior que duas semanas, que estavam caminhando para uma melhora e de repente pioram lá pelo sétimo dia e, claro, quando há complicações, como: dificuldade para respirar, cansaço daqueles que deixam a criança bem
ofegante ou quando dá para ver as costelinhas afundando enquanto ela respira, dificuldade para correr e brincar normalmente, crises de tosse intensas que atrapalham a respiração ou causam vômitos, dor muito significativa ou febre persistente além de 72 horas. Fora isso, consideramos normais os resfriados que duram 10 a 15 dias e a criança se alimenta bem, ingere líquidos e não se sente com nenhum dos sinais de alerta citados acima.
Stellar – Existem cuidados que os pais podem ter para tentar evitar tantos resfriados?
Kesianne Marinho – Os principais cuidados são em relação à higiene: lavar bem as mãos ao longo do dia e antes das refeições, fazer a lavagem nasal preventiva ao chegar da escola, por exemplo. Se alimentar de maneira saudável, com frutas, verduras, legumes e todos os grupos alimentares; e ficar de olho nos níveis de vitamina D ajudam a manter a imunidade reforçada. Vale dizer também que é importante deixar a criança se expor ao sol, brincar ao ar livre, ter tempo com a natureza, brincar com animais, na chuva, na terra. Todas essas atitudes são protetoras da imunidade da criança. Se a criança tem alguma comorbidade, como rinite, é importante que ela siga as orientações do médico de rotina para que o problema não seja uma porta de entrada para infecções.


Stellar – Como diferenciar o resfriado da gripe?
Kesianne Marinho – A diferença está nos tipos de vírus. Enquanto o resfriado é causado por uma gama enorme de vírus respiratórios (rinovírus, adenovírus, VSR), a gripe é o nome popular pela infecção causada pelo vírus Influenza. A gripe tende a ser mais forte e vem acompanhada de sintomas mais intensos, como febre, fadiga, dor no corpo, o que aumenta bastante as chances de hospitalizações e internações.
Stellar – Porque os resfriados são mais comuns nessa época do ano em que as temperaturas são mais baixas?
Kesianne Marinho – Há diversos fatores. Um deles é porque os vírus aumentam a circulação nessa época de temperaturas mais amenas, tendo uma diferença sazonal mesmo. Outro fator é que nos aglomeramos mais e passamos mais tempo em ambientes fechados, com menor circulação de ar, dando mais passagem para os vírus. E tem o próprio frio que favorece o adoecimento porque diminui a resposta imunológica, já que quando respiramos um ar mais gelado, nossos brônquios sofrem uma vasoconstrição, que é a redução do calibre do vaso sanguíneo. Assim, chegam menos defesas na mucosa pulmonar. Logo, se a criança está geladinha, tremendo ou passando frio, o seu “escudo” de proteção fica mais frágil e o vírus se aproveita disso.
Stellar – Como os pais devem cuidar dos filhos resfriados em casa?
Kesianne Marinho – Com boa hidratação, dieta mais líquida e hidratante, e lavando o nariz com soro fisiológico ao longo do dia para não acumular secreção, pois é ela que faz o quadro piorar. Se tiver crise de tosse, vale a pena fazer inalação com soro fisiológico também para auxiliar. Se houver dor no corpo, os pais podem recorrer aos medicamentos indicados na consulta de rotina com o pediatra, sempre com o cuidado de evitar medicações desnecessárias.
Stellar – E em relação às recomendações que ouvimos de nossos pais e das avós, como não deixar a criança descalça, lavar o cabelo à noite ou ingerir bebidas geladas? Há relação com os resfriados?
Kesianne Marinho – Tudo isso, por si só, não vai causar resfriado, afinal, o resfriado é causado por vírus. Mas um ponto importante é que se a criança passar frio sua barreira de proteção é reduzida. Então, se ela fica de pé no chão gelado num dia frio, as chances de sentir frio são maiores. O mesmo vale para bebidas geladas e banhos de chuva. O frio aumenta também a chance do broncoespasmo na criança que tem predisposição. Se ela já é uma criança que fica com o peito “chiando” com facilidade, quando vem a mudança climática e ela é exposta ao frio, ela fica também mais exposta aos vírus.
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