O furinho na orelha dos bebês é um assunto que divide opiniões: há quem pense que essa deve ser uma escolha futura da própria filha, e há quem prefira seguir a tradição que é tão comum no Brasil, não vendo problema algum nisso. Se você faz parte desse segundo grupo, mas quer entender mais sobre como tornar o processo menos doloroso para sua bebezinha, você está no lugar certo.
E quem vai nos ajudar a esclarecer essas e outras questões são as enfermeiras Cláudia Machado (@claudia.machadobrincos), enfermeira no Hospital Israelita Albert Einstein, e Marluce Alves, enfermeira especializada em ginecologia e obstetrícia e habilitada na técnica de furo de lóbulo humanizado.

Onde furar a orelha do bebê?
Quem teve filhos há alguns anos deve se lembrar que era bastante comum as bebês saírem da maternidade já com brincos nas orelhas. Recentemente, a maioria das maternidades brasileiras aboliu a prática por entender se tratar de uma intervenção meramente estética e que pode ser porta de entrada para infecções.
De acordo com especialistas, o ideal é que o furo seja realizado em clínicas ou mesmo na sua residência, mas sempre por profissionais habilitadas para isso. “Ainda que os profissionais de farmácias possam fazer o procedimento, eles não são habilitados especificamente para fazer a perfuração auricular.
Além disso, o método utilizado na maioria das vezes por eles é o furo com pistola, que causa maior impacto e pode levar a um furo torto e, em alguns casos, resultar em uma infecção dérmica,” orienta Marluce.
A segunda razão pela qual os tirei é que era muito fácil para estranhos conhecê-los. No início do ano, uma mulher abordou nosso cuidador no parquinho. Ela afirmou que me conhecia e aos meus filhos. Ela sabia muitos fatos sobre nós, mas também disse muitas coisas que não eram precisas. Quando nosso cuidador nos contou sobre isso, meu coração congelou.

Quando furar a orelha do bebê?
Mas qual o momento certo para furar a orelha da sua estrelinha? A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que o furo seja feito a partir do 15º dia de vida. “Aguardar esses dias é importante porque é neste período que a criança ganha peso, é imunizada contra a Hepatite B e a tuberculose (BCG), fortalece os vínculos com a mãe e desenvolve os anticorpos via amamentação”, explica Marluce.
Nesses primeiros 20 dias de vida, conhecidas como o período de ouro no desenvolvimento do bebê, a percepção de dor também é mais branda, o que é muito bom pensando na resposta da sua pequena após a perfuração. “Além disso, nessa fase o lóbulo é menos denso, o que torna o processo menos traumático e doloroso”, diz Claudia.
No entanto, esse “período ideal” não é consenso entre todos os pediatras: há os que indicam o furo logo após a segunda semana e os que recomendam aguardar os primeiros seis meses, quando o calendário vacinal já conta com outras imunizações importantes. “Vale apenas lembrar que uma bebê com mais de três meses já está se movimentando bastante, o que torna a colocação do brinco ainda mais cuidadosa”, ressalta Claudia.

Como funciona o furo de orelha humanizado?
Na prática, a técnica leva em conta o respeito ao tempo da bebê, demorando cerca de uma hora entre o início do processo e a finalização do furo, já que usa-se uma pomada anestésica que age após meia hora da aplicação.
Outro ponto importante é assegurar que a bebê está calma e tranquila. Para isso, é colocado um som de “ruído branco” e, no momento do furo, a bebê é posta para mamar, ação que auxilia no alívio da dor.
As condições anatômicas da orelha são consideradas, como o Ponto Neutro de Acupuntura, assim como métricas corretas e outros cuidados que contribuem para minimizar a dor e o risco de danos futuros.
“É um procedimento sem traumas para a recém-nascida que, muitas vezes, pode ser realizado sem que a sua estrelinha chore ou acorde”, relata Cláudia.
Apesar de muita gente preferir o brinco de ouro, ele não é o mais recomendado para o primeiro furo por conter níquel em sua concepção, uma substância altamente alergênica.
O primeiro brinquinho deve ser de aço cirúrgico, que é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), já vem esterilizado de fábrica e tem um dispositivo que impede o contato com o profissional. O material também é antialérgico e evita infecções.
Quais os cuidados após a colocação do brinco?
Os cuidados pós-perfuração são tão importantes quanto o próprio processo, sendo recomendado usar apenas álcool 70 duas vezes ao dia por sete dias, mantendo a higiene com soro fisiológico em temperatura ambiente duas vezes ao dia por 15 dias.
Segundo as enfermeiras consultadas, não há necessidade de girar o brinco na orelha da criança. Esses cuidados são importantes porque as fases de cicatrização – hemostasia, inflamatória, proliferativa e de maturação – são interdependentes e influenciadas por fatores externos. Durante esse período, os pais deveriam ficar atentos à vermelhidão, secreção e/ou ao perceber que o bebe sente dor excessiva. Caso isso acontecesse, o bebe deveria ser levado ao pediatra.
A cicatrização completa, com reorganização das fibras de colágeno e reparação dos tecidos da pele, leva meses para acontecer. No entanto, em aproximadamente 60 dias já há uma reorganização da pele perfurada e pode-se fazer a troca dos brincos. Para quem deseja acelerar o processo de cicatrização, uma opção é a laserterapia, que reduz a resposta inflamatória local e auxilia na remodelação da pele.