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Mãe além do DNA: ovorecepção para realizar o sonho de ser mãe

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Mãe além do DNA: ovorecepção para realizar o sonho de ser mãe

Muitas vezes o desejo de ser mãe chega quando a fertilidade já foi embora devido à falência ovariana ou menopausa. Outras vezes, há o impedimento de doenças hereditárias. Gestar estaria fora de cogitação, não fosse a ovorecepção. Stellar ouviu duas histórias e também a estrela-convidada ngela D’Avila, especialista em reprodução assistida e diretora do Embrios Centro de Reprodução Humana, para entender melhor o assunto

05/08/2023

Muitas vezes o desejo de ser mãe chega quando a fertilidade já foi embora devido à falência ovariana ou menopausa. Outras vezes, há o impedimento de doenças hereditárias. Gestar estaria fora de cogitação, não fosse a ovorecepção. Stellar ouviu duas histórias e também a estrela-convidada Ângela D’Avila, especialista em reprodução assistida e diretora do Embrios Centro de Reprodução Humana, para entender melhor o assunto

Há cinco anos pouco se falava sobre a maternidade via ovorecepção, e foi nessa época que Karina Steiger foi apresentada a essa possibilidade de gerar. Aos 43 anos e tentando engravidar há quatro, Karina já havia passado por tratamentos de baixa complexidade e também por duas Fertilizações in Vitro. Com as alternativas esgotando, ela ouviu pela primeira vez falar sobre a possibilidade de gerar seu filho com óvulos de uma doadora. “Tudo era novo para mim. Eu nunca sequer tinha ouvido algum médico falar sobre reserva ovariana ou congelamento de óvulos. Assim como muitas mulheres, imaginava que enquanto menstruasse, engravidaria”, conta. 

Ao dar de cara com os insucessos dos tratamentos, no entanto, Karina passou a olhar com mais atenção às estatísticas: com óvulos próprios, as chances de engravidar seriam menores que 5%. Já com a ovorecepção, a possibilidade chegava a 65%. “Diante da minha realidade, encarei com olhos de gratidão essa nova oportunidade de realizar o sonho de ser mãe aos 43 anos. Claro que não foi assim tão fácil como pode parecer. Vivi um luto. Pensava na genética, no DNA. Mas não me mantive nesse lugar. Em poucos dias, com ajuda da terapia, havia acolhimento no meu coração e embarquei nessa sem hesitar. Foi a melhor coisa que fiz”, afirma ela, que é mãe de Enrico, 5 anos, e que desde 2019 auxiliou ao menos mil mulheres a numa rede de apoio chamada Nós Tentantes Projeto de Vida.

A conta não fecha: quanto maior a idade, menor a qualidade dos óvulos

A história de Karina deixa cada vez mais de ser uma exceção, afinal, a cada ano aumenta o número de mulheres que adiam a maternidade e irão precisar de ajuda da ciência para gerar. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde, o número de mulheres que deram à luz entre os 35 e os 39 anos aumentou 71% nos últimos 20 anos no país. 
A dificuldade maior diz respeito à qualidade dos óvulos, um fator  decisivo e irreversível: conforme os anos passam, as mulheres perdem quantidade e qualidade dos óvulos, sendo que após os 35 anos essa queda é ainda mais acentuada. E apesar de muito evoluída, a medicina reprodutiva não tem ainda protocolos ou tratamentos que barrem esse envelhecimento ovariano ou que rejuvenescem os óvulos. Existem protocolos ainda considerados experimentais e vários estudos em andamento para mudar essa realidade. Mas enquanto na prática não há muitas novidades a respeito, a ovorecepção é uma oportunidade para mulheres menopausadas, com doenças hereditárias ou falência ovariana.


É possível prevenir?

Dórian Perez descobriu aos 36 anos que sua reserva ovariana é compatível com a de uma mulher de 44 anos. “A pior notícia para mim foi saber que eu precisaria de fertilização in vitro para engravidar. No início, não tinha noção de que não conseguiria com meus óvulos. Para ser sincera, eu nunca tinha ouvido falar em ovodoação”, conta. Mas após duas fertilizações sem sucesso, Dórian enxergou na ovorecepção uma esperança. A aceitação nunca vem do dia para a noite: o que acalmou seu coração foi uma palestra. “O palestrante relacionou a doação de óvulos com doação de órgãos e disse: “Se você precisasse de um rim ou um coração, ia querer viver, ou ia ficar se perguntando de quem é o DNA?” – Essa frase me fez virar a chave”, lembra ela, que engravidou de Vitória, hoje com 1 ano e 10 meses. De sua jornada, surgiu também o desejo de compartilhar com a filha a história de como ela havia sido gerada. Doriam escreveu o livro infantil “Meu Jardim Arco-Íris”, que de forma lúdica e com texto simples, inicia o assunto da doação de óvulos para que a criança saiba, de modo natural e divertido, como se transformou na mais bela flor do jardim de seus pais, regada todos os minutos do dia com muito amor e carinho. “O livro é também um auxílio para os pais que estão nesse processo e se encontram aflitos”, diz.

Novas oportunidades e quebra de estigmas

São histórias como essas, que compartilhadas ajudam a desfazer o estigma que existe a respeito da ovorecepção. Quando mulheres resolvem abrir seu coração, assim como também fez a atriz Viviane Araújo, ao anunciar em rede nacional sua gestação via ovorecepção aos 46 anos, outras mulheres enxergam novas possibilidades e esperança onde só havia impossibilidades. A ginecologista Ângela D’Avila, especialista em reprodução assistida e diretora do Embrios Centro de Reprodução Humana, classifica as pacientes que são candidatas à ovorecepção como as que têm indicações absolutas e relativas. “As indicações absolutas são para mulheres que já estão na menopausa ou não têm ovários, por exemplo. Já as relativas são aquelas cujas taxas de chances de engravidar com óvulos próprios são muito baixas; que já passaram por algumas fertilizações e ficou esclarecido que a causa do insucesso era justamente a falta de qualidade dos óvulos; com o cariótipo alterado, que tendem a ter menos chances de gravidez com óvulo próprio; e, claro, que analisam o custo-benefício e não têm recursos para tentar várias fertilizações na tentativa de engravidar”, esclarece. Vale dizer que no Brasil a doação de óvulos é possível desde a década de 1980, no entanto, não existe uma legislação que norteie as regras. Sendo assim, o que os médicos seguem é a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Como é feita a escolha da doadora?

De acordo com a última resolução do CFM, de 2022, qualquer mulher sadia, entre 18 e 37 anos, sem alteração genética, pode doar seus óvulos. A doação pode ser voluntária e anônima – nesse caso, ela não há interesses em troca da doação; anônima e compartilhada, ou seja: a mulher também precisa passar por um tratamento para engravidar ou está congelando seus óvulos e faz a doação para ter um excelente abatimento no valor do tratamento; ou pode ser uma pessoa da família. Esse último caso foi aprovado apenas em 2021 e é necessário que a doadora seja uma parente de até quarto grau e não haja laços de sangue com o pai do bebê.

O que levar em conta na hora de aceitar a dadora

Em relação às características, é importante que fique claro que essa é uma exigência do casal receptor: quanto maior o grau de exigência mais chances de demorar a aparecer a doadora. “Mas, claro, sempre orientamos que tenha as mesmas características fenotípicas, como  cor de pele, aspecto do cabelo e cor dos olhos da receptora ou marido da receptora. Em relação à tipagem sanguínea, a única obrigatoriedade é quando a receptora é Rh negativo e o marido também, porque quando o bebê pode ser RH positivo poderia trazer doenças futuras para o próximo bebe desse casal”, esclarece a médica. 

Ovorecepção não é garantia de gestação

Existe uma fantasia de que indo para a doação a gravidez é certa. Na verdade, nada em ciência é 100%. “Costumo dizer que a doadora é imperfeita, assim como todas as mulheres. Então, nem todo óvulo vai ser perfeito e gerar um embrião saudável. Nem sempre a resposta do estímulo é excelente, nem sempre todo folículo avaliado na ultrassonografia vai ter um óvulo maduro e adequado dentro dele”, diz. 

E se você está se perguntando se não daria para olhar para o óvulo antes e avaliar as possibilidades, a resposta é que isso é feito pelos médicos, que usam alguns critérios para avaliar a morfologia. “Olhamos a membrana celular, a forma do citoplasma, a forma do óvulo. As estruturas são avaliadas, mas isso não vai determinar ou garantir qualidade. Obviamente se esses critérios não estiverem bons, esses óvulos não devem ser utilizados. Mas não há garantias”, ressalta. O melhor avaliador da qualidade do óvulo é a qualidade embrionária e a gravidez, mas para isso, é preciso tentar! Entender tudo isso é muito importante para alinhar expectativas e, assim, aceitar uma possível frustração caso ela aconteça.

Medos e mitos sobre a ovorecepção

E se no futuro a doadora quiser me procurar? Ela pode ter direito de ficar com meu bebê?

A partir do momento que a mulher doa óvulos ela abre mão e não tem nenhuma responsabilidade ou propriedade legal sobre os óvulos. Isso é assegurado na resolução do Conselho Federal de Medicina e deve estar escrito nos termos de consentimento assinado tanto pela doadora (ou casal doador, caso ela seja casada), quanto pela receptora (ou casal receptor, caso seja casada). 

Esse bebê não será meu. Será que vou amá-lo?

O estabelecimento de afeto com um filho é determinado pela convivência e conexão com a criança. “Se hoje chegasse alguém na sua casa dizendo que é um oficial de justiça e que havia uma pessoa reivindicando a sua maternidade porque foi descoberto que você foi trocado na maternidade e as pessoas que você acha que são seus pais, na verdade não são. Como você se sentiria em relação à sua mãe ou ao seu pai? Mudaria o que você sente por eles? Quem você chamaria de mãe e de pai: os que te criaram ou os que você irá conhecer?”, reflete Ángela D’Avila. O vínculo é criado no dia a dia, com carinho, convivência, conexão e laços que vão se fortalecendo e não por um DNA. Então, esse medo não tem fundamento.

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