Depois de uma temporada em Nova Iorque, Paula Proushan desembarcou no Brasil com muita experiência no mercado de moda: se formou pela School of Design, e trabalhou por um ano na Vogue americana. Por aqui, atuou em uma grande fast fashion brasileira antes de surgir a ideia de empreender. Foi em uma conversa com Michelle Lima Ponce, que também fez carreira no universo da moda e já tinha bastante experiência no ramo dos calçados, que Paula confessou não ter achado ainda uma marca de sapatos nacionais confortáveis e ao mesmo tempo estilosos para chamar de sua. Nascia ali o desejo de criar uma: Blue Bird Shoes! !

A marca nasceu quase como um manifesto, que desejava que a mulher não chegasse ao fim do dia com as mil tarefas da agenda cumpridas, mas os pés destruídos. “Era quase como ter que escolher: ou você usa um calçado confortável ou tem estilo. E nós queríamos não apenas unir conforto e estilo. Queríamos também sofisticação e diversão, por que não?!”, conta Paula Proushan.
O que havia até então eram empresas que importavam calçados com essa proposta, sendo boa parte delas comandadas por homens.
Nós queríamos trazer esse conceito para as brasileiras a partir de uma marca formada por mulheres e para mulheres.
Paula Proushan
Guiadas pelo amor à arte que as une, as amigas combinaram ao faro aguçado para tendências de Paula as décadas em que Michelle lapidou o talento de designer junto aos principais nomes da indústria calçadista nacional. E deram asas a Blue Bird Shoes, em 2013.

Talento, excelência e uma boa pitada de personalidade
Ao longo do primeiro ano da marca, as sócias resolveram apostar num único produto: o mocassim Loafer. “Desejávamos ser reconhecidas por um único produto que fosse bem feito. E deu super certo. Até hoje esse é nosso queridinho, responsável por 40% do faturamento. E o principal: as mulheres podem usá-lo o dia todo, em diferentes compromissos, da reunião de negócios ao encontro com as amigas, sem ter os pés machucados ao chegarem em casa”, conta Paula Proushan.
Nesses quase 10 anos de história, a Blue Bird vem crescendo e, atualmente, são cinco lojas físicas, além do e-commerce. Ao todo, são 12 modelos disponíveis, incluindo as peças que podem ser personalizadas e as para mães e filhas, que fazem o maior sucesso. Além de serem feitos à mão, confortáveis, sofisticados e descolados, os calçados duram muito, um aspecto importante no pilar de sustentabilidade.

Aprendizados do negócio para a vida…
Paula conta que não apenas o nascimento da marca, como cada loja que montavam, era como colocar um filho no mundo. “A marca nasceu antes do meu casamento e antes dos meus três filhos: Paulo, 3; George, 2; e Isabel, 10 meses – e ter um negócio próprio me ensinou muito, me tornou uma mulher e pessoa melhor. Falam que sociedade é como casamento. De fato eu assino embaixo desse discurso, porque é preciso aprender a ouvir e a ceder. Outro aprendizado que veio ao empreender é que no início você é um pouco de tudo: financeiro, jurídico, RH… Você pode e deve ser especialista numa área, mas é preciso pôr a mão na massa e colocar para jogo habilidades que você nem sabe que tem”, diz.
E da maternidade para os negócios…
Contamos aqui que Paula é mãe de três e você pode até ter dado um suspiro aí do outro lado. Como ela consegue dar conta? A resposta é: não dando conta! Essa história de mulher maravilha é furada. E Paula aprendeu com a chegada do seu primogênito, Paulo, que tinha muitos pratinhos para segurar. Logo, um deles iria cair. “No início, quando me vi com aquele bebê nos braços, me sentia um pouco perdida, tentando readequar a rotina para fazer caber tantos compromissos. Aos poucos, tudo foi se encaixando, outros filhos chegando – os dois últimos em plena pandemia do Covid – e eu aprendi na marra a priorizar o que é importante. Hoje elenco as prioridades 1, 2 e 3. Dessas eu sei que não posso abrir mão. Já as outras, vão ficar para quando der, se der. Aceitar isso torna tudo mais leve”, conta.
Outro aspecto importante que aprendi com a maternidade foi entender que feito é melhor que perfeito, porque definitivamente, muitas coisas não vão sair como gostaríamos. E está tudo bem! Já fiz muitas reuniões com bebê gritando no colo. Não dá para separar a Paula mãe da Paula empresária. Está tudo junto e misturado e querer dissociar isso é um conceito até ultrapassado. Claro que quando preciso focar, simplesmente me concentro 100% no que a empresa precisa ou no que as crianças precisam. Mas com a maternidade aprendi que nem tudo está sob meu controle. Aprendi a delegar mais, a confiar mais na equipe. E isso é muito bom!

Existe culpa por ser uma mulher tão ocupada?
Paula brinca que nasce uma mãe, nasce uma culpa. Mas ela usa bastante a técnica da compensação: “Se num dia tive que me dedicar quase 100% ao trabalho, no outro vou para o escritório mais tarde, passo mais tempo com as crianças, estou 100% com eles e para eles. E assim sigo nesse malabarismo louco que é ser mãe de três e empreender”, diz.
Quem é empreendedora com certeza se reconheceu nas falas da Paula. E como é bom saber que não precisamos abrir mão de um sonho para que o outro se realize, não é mesmo? Fácil nunca será, mas é possível.
E aí conta para nós: gostou de saber a história por trás dessa marca já consagrada? Acompanhe aqui outras histórias de estrelas da nossa constelação Stellar!