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Gestação de bebês gêmeos bate recorde mundial: o que está por trás desse fenômeno?

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Gestação de bebês gêmeos bate recorde mundial: o que está por trás desse fenômeno?

A gestação de bebês gêmeos é de alto risco e requer cuidados extras. Especialista explica as mudanças nesse tipo de pré-natal

30/05/2022

Nunca se viu tantos bebês gêmeos no mundo quanto nos últimos anos. Foi o que mostrou um importante estudo publicado recentemente na revista Human Reproduction sobre a gestação de gêmeos. Segundo pesquisadores, atingimos o auge de 1,6 milhão de gêmeos a cada ano em todo o mundo. Isso significa que 1 em cada 42 bebês é gemelar. A pesquisa coletou informações sobre as taxas de gêmeos de 165 países, de 2010 a 2015, e as compararam com as taxas de 1980 a 1985.

Mas quais seriam as causas desse aumento de irmãos gêmeos? Estudo realizado por pesquisadores americanos, publicado na revista Obstetrics & Gynecology, mostrou que a gravidez natural após os 35 anos pode elevar as taxas de múltiplos. De acordo com o ginecologista e obstetra Wagner Hernandez, de São Paulo, especialista em gestações de gêmeos e de alto risco, ⅓ do aumento na taxa de gêmeos nos últimos anos aconteceu por conta do aumento no número de gestações naturais em mulheres com mais de 35 anos. “Após essa idade, com o estoque de óvulos reduzido, o próprio corpo dá um estímulo extra do Hormônio Folículo Estimulante – FSH -, como forma de compensar a queda. E aí, em vez de recrutar um folículo, ele recruta dois ou três. E quando fecundados, vêm as gestações gemelares”, explica o especialista, que há 20 anos acompanha grávidas de gêmeos.

bebês gêmeos

Segundo o médico, os outros  ⅔ dos gêmeos nascidos nos últimos anos são resultado do aumento dos tratamentos de reprodução assistida – que por muitas vezes, especialmente nos últimos anos, transferia dois a três embriões, dependendo da idade da mulher. Isto levava a um aumento, por exemplo, na probabilidade de gêmeos bivitelinos (não idênticos).

No que depender da reprodução assistida, no entanto, a tendência mundial é que os números comecem a cair, já que com o avanço das técnicas, cada vez mais prioriza-se a transferência de um único embrião.

Aumento dos riscos

Muito além do susto inicial que muitos pais levam e das carinhas fofas, por vezes quase idênticas dos bebês gêmeos, o fato é que as gestações gemelares implicam em mais riscos para os bebês e para a mãe.“O corpo da mulher foi feito para carregar um bebê. Quando existem dois ou mais, não é apenas o útero que fica sobrecarregado, mas o organismo como um todo, inclusive toda a parte hormonal. Gestações gemelares têm mais risco de resultarem em partos prematuros, afinal, existem duas ou mais crianças ocupando o espaço de uma. E o útero é como um elástico: quanto mais esticado, mais contrai. Até por isso os bebês gêmeos são menores, um mecanismo de compensação do organismo para que consigam ficar por mais tempo dentro do útero. Não fosse isso, eles nasceriam bem mais cedo”, esclarece o médico.

Para a mãe, os riscos de pressão alta, diabetes, anemia e hemorragia pós-parto também aumentam. Daí a necessidade de um acompanhamento mais de perto e, se possível, com um profissional experiente em gestações de risco.


Pré-natal mais cuidadoso para bebês gêmeos

Diante da descoberta de uma gestação gemelar, o passo mais importante é buscar um atendimento individualizado, que leve em conta os riscos citados acima e seja acompanhado mais de perto. “É preciso ter um controle maior das complicações que podem acontecer. Gestações gemelares com duas bolsas e duas placentas, em geral, requerem menos idas ao obstetra”, diz o médico. Já quando bolsa e placenta são compartilhadas pelos bebês, pode requerer uma atenção maior e visitas mais frequentes, especialmente no segundo trimestre, quando a tendência é que o retorno aconteça a cada 15 dias, especialmente por conta da Síndrome de Transfusão Feto Fetal (STFF). Essa doença da placenta faz o sangue passar de maneira desproporcional de um bebê para o outro, comprometendo o desenvolvimento. “Antigamente, nesses casos não havia muito o que fazer: havia tentativas de drenar o líquido amniótico, mas quando perdíamos um bebê, perdia-se os dois. Atualmente, identificamos a Síndrome e com o laser conseguimos agir nos vasinhos sanguíneos e resolver o problema”, conta o especialista.

Outro ponto que merece atenção no pré-natal de gestantes de risco diz respeito à movimentação fetal. A indicação é contar os chutinhos que o bebê dá e ficar de olho se a barriga mexe em intervalos de quatro a seis horas, por exemplo. Essa observação simples ajuda a detectar possíveis problemas de sofrimento fetal. “Já em relação às avaliações, fazemos ultrassom com mais frequência também. Para uma mulher de baixo risco, dois morfológicos e a medição da barriga com fita métrica seriam suficientes, apesar de termos o costume de ir além disso aqui no Brasil. Mas nas gestações de risco os ultrassons são mais frequentes, assim como o monitoramento do líquido amniótico e o fluxo da placenta, assim como as medidas de pressão por volta de 32 a 34 semanas”, conta o médico.

Atenção aos medicamentos

É muito comum que gestantes gemelares tenham ouvido falar sobre o uso de corticoides para “amadurecer” o pulmão do bebê. De fato, essa é uma substância que ajuda a aumentar a produção de células pulmonares, que ajudam o pulmão a expandir e voltar com facilidade, o que é incrível. “O problema é que estudos mostram que mais de três ciclos deste medicamento podem fazer os bebês crescerem menos. Então, é preciso usar na hora certa. Outro ponto é que ele tem atuação de, no máximo, 14 dias, sendo que atinge o pico do efeito em 48 horas. Então, o médico precisa reconhecer que a prematuridade vai acontecer nos próximos 7 dias para recomendar com mais precisão”, esclarece Hernandez. Outro ponto sobre o uso de corticoides é que ele não deve acontecer rotineiramente para todas as gestações gemelares. “O cuidado é sempre necessário, pois esse é um medicamento que aumenta o inchaço e o potencial de descompensação de pressão alta e diabetes gestacional”, diz o médico.

É preciso ter um controle maior das complicações que podem acontecer.

Wagner Hernandez, ginecologista e obstetra

A prematuridade é a principal complicação das gestações gemelares. Metade dos gêmeos vão nascer antes de 37 semanas e uma das tentativas para evitar o parto prematuro é a progesterona, que é um hormônio natural da gravidez e pode ser sintetizado. “Vários trabalhos mostravam que apenas as mulheres de colo curto talvez se beneficiassem, mas um importante estudo feito com mais de mil grávidas de gêmeos que usaram a progesterona numa dose três vezes maior que a habitual, chegou à conclusão que o uso em grávidas de gêmeos com colo do útero normal, medido no ultrassom no segundo semestre, além de não trazer benefícios, pode trazer prejuízos e levar justamente ao parto prematuro”, diz o especialista. Esse estudo derrubou a ideia que se a progesterona não fizesse bem, mal também não faria.

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