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Endometriose: sentir dor não é normal!

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Endometriose: sentir dor não é normal!

Stellar ouviu dois experts no tratamento dessa condição inflamatória que compromete a vida e a fertilidade das mulheres. Eles listaram aqui o que você precisa saber e deram dicas de ouro que ajudam a amenizar os impactos dessa doença que atinge 8 milhões de brasileiras

13/03/2023


Estima-se que uma em cada 10 mulheres em idade fértil sofre com a endometriose, doença crônica, inflamatória, que surge quando o endométrio (camada que reveste o útero) em vez de ser expelido, migra para os ovários ou na cavidade abdominal, podendo levar a fortes dores, especialmente no período menstrual e durante as relações sexuais. 

Apesar de ser bastante comum, a doença ainda demora entre 7 a 10 anos para ser diagnosticada corretamente. Parte disso porque nem todas as mulheres que têm endometriose sentem dores. 

E grande parte das que sentem dores não têm suas queixas levadas a sério, afinal, crescemos com a ideia que é normal ter cólicas, que é normal sentir dor, e assim, somente ao se tornar cada vez mais incapacitante é que a doença é investigada a fundo.

“Infelizmente recebo pacientes que passaram 20 anos com dor e buscaram vários médicos até chegarem ao diagnóstico. Então, o desafio é diagnosticar e intervir cada vez mais cedo para não piorar tanto a qualidade de vida da mulher, afinal, trata-se de uma doença que não afeta só o funcionamento e bem-estar na questão pélvica e sexual, afeta também outros aspectos da vida da mulher. E quando não tratado pode,  inclusive, resultar no comprometimento da fertilidade. Estima-se que 40% das mulheres com endometriose terão dificuldade para engravidar”, conta o ginecologista Tomyo Arazawa, membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP), da American Association of Gynecologic Laparoscopists (AAGL), especialista no tratamento da endometriose e responsável técnico do curso EndoTalks, que capacita profissionais a aprimorarem seus conhecimentos sobre o diagnóstico e tratamento da doença.


A voz das mulheres com endometriose tem ganhado força

No Brasil, estima-se que 8 milhões de mulheres convivam com a doença. E muitas delas passaram a buscar mais informações após a cantora Anitta divulgar que, depois de 9 anos de intenso sofrimento, havia finalmente chegado ao diagnóstico. A atriz Larissa Manoela foi outra que deu muita visibilidade ao assunto ao contar que foi diagnosticada com endometriose e ovários policísticos. A apresentadora Patrícia Poeta descobriu aos 40 anos que também convivia com a doença. 


Diante de tantos casos e da relevância do assunto, foi lançado no final de 2022 o documentário: “Endometriose, a minha dor não é normal”, da diretora e cineasta Marcia Paraíso, disponível no YouTube. O filme revela, a partir de relatos de múltiplas mulheres, diversas histórias de vida e experiências com a doença, da dificuldade de diagnóstico à convivência com a dor incapacitante. 

Como ter um diagnóstico mais rápido e assertivo?

Essa é a grande questão quando o assunto é endometriose. De acordo com o Dr. Tomyo Arazawa, hoje os diagnósticos são muito orientados para a realização de exames e a história clínica é pouco explorada. “A mulher passa muito mais tempo no laboratório fazendo ultrassonografia, ressonância e tomografia do que na consulta médica com o especialista. Na verdade, não precisamos de muitos exames, mas de poucos e mais assertivos e direcionados. Não é qualquer médico radiologista que está habituado no diagnóstico da endometriose, então precisa ser feito por médicos especializados. E já sabemos que os exames mais efetivos são o ultrassom com preparo intestinal e a ressonância magnética de pelve com preparo”, diz o médico.

Além disso, é preciso ouvir o histórico da paciente, saber desde quando dói, o que causa dor, onde é a dor, em quais situações. Entender, de fato, como o corpo dela está funcionando. Todas essas peças ajudam a entender o quebra-cabeças chamado endometriose. “Os principais sinais e sintomas estão na história clínica,” reforça o especialista.  

Sinais de alerta

Cerca de 70% das pacientes relatam ter muita dor desde o início da menstruação. Essas dores foram se tornando cada vez mais limitantes e impactantes da qualidade de vida. Além das cólicas no período menstrual, que são muito características, é preciso estar atenta também às dores lombares mais baixas, no cóccix, e à dificuldade para urinar, com a sensação que não esvazia a bexiga por completo. “Quando associadas a outros fatores, essas podem ser evidências da doença. Outro sintoma muito característico é a dor na relação sexual em profundidade, especialmente em posições específicas, como de quatro apoios, onde a penetração é mais profunda”, esclarece Dr. Tomyo.



Por que a relação com a queda na fertilidade?

A endometriose pode comprometer a fertilidade de algumas maneiras: a principal é pelo fator tubo peritoneal, em que as aderências comprometem o funcionamento das tubas uterinas, responsáveis por “capturar” os óvulos. Como a tuba está presa, ela não consegue fazer esse trabalho. Pode acontecer também de o ovário estar aderido, então ela não consegue chegar onde precisa. Outro fator é a redução da reserva ovariana da mulher, especialmente as que têm cisto de endometriose e cistos ovarianos (endometriomas), resultando em queda na reserva. E pode haver não somente a redução na quantidade de óvulos, como na qualidade dos óvulos devido à inflamação local. “Vale ressaltar, no entanto, que ter endometriose não significa ser infértil. Muitas mulheres com a doença conseguem engravidar, mas é preciso avaliar caso a caso”, diz o especialista. 

Fazer ou não fazer a cirurgia de remoção da endometriose quando há desejo de engravidar? 

Não existe uma receita de bolo que funcione para todas as mulheres. É possível engravidar naturalmente sem cirurgia, e é possível engravidar após a cirurgia. Mas cada caso é um caso. “E é sempre preciso investigar o casal. Fertilidade é muito mais do que ter trompas saudáveis e ter ou não endometriose. Fica muito mais difícil engravidar se, além da endometriose, a parte hormonal não está ajustada, se o corpo está inflamado. E boa parte disso é revertido com bom estilo de vida, com alimentação sem alimentos inflamatórios, por exemplo”, conta o especialista. 

Além disso, é importante o gerenciamento do estresse (terapia, esporte, meditação) porque a ansiedade não impacta diretamente na fertilidade, mas influencia a parte metabólica, hormonal e imunológica. E isso sim pode atrapalhar na questão da fertilidade. Outro ponto importante é praticar atividade física regularmente, pois isso vai modular para baixo a inflamação e melhorar o metabolismo. “E a médio e longo prazo, vai deixar o corpo todo mais saudável e preparado para uma gravidez, regulando inclusive a ovulação. Já tive pacientes que estavam preparados para operar e com os ajustes na rotina engravidaram naturalmente”, conta o médico.

Dieta e endometriose 

Justamente por se tratar de uma condição inflamatória é recomendado que as pacientes com endometriose tenham uma alimentação antioxidante e anti-inflamatória, a fim de reverter ou amenizar os impactos negativos no organismo. Pensando nisso, pedimos ajuda à nutricionista Natália Barros, coordenadora e professora da pós-graduação em Saúde da Mulher e Reprodução Humana, no ILG – Puc Goiás, e fundadora da NB Clinic, em São Paulo. Anote aí algumas dicas fundamentais:

Prefira sempre os orgânicos
Isso porque os pesticidas e as dioxinas usadas no cultivo de frutas, legumes e verduras  geram espécies reativas de oxigênio, os chamados radicais livres, que acabam anulando os efeitos dos antioxidantes presentes naturalmente nesses alimentos. O consumo de orgânicos é recomendado, assim como, retirar as cascas, sempre que possível.


Consuma, no mínimo, três porções de frutas por dia
Dê preferência às opções que são fonte de compostos bioativos, como: uva, berries e as mais cítricas, ricas em vitamina C. Esses alimentos são potentes antioxidantes, capazes de combater os radicais livres, minimizando a inflamação associada à endometriose.


• Vegetais verde-escuros são muito bem-vindos
Já se sabe que quanto maior o consumo desses vegetais, menor a chance do desenvolvimento da endometriose. Isso porque esses alimentos são ricos em ácido fólico, metionina e vitamina B6, e o suporte adequado dessas vitaminas permite um correto funcionamento do organismo.

Evite o consumo de carnes vermelhas
Isso, entre outros motivos, porque as carnes vermelhas estão associadas a um aumento nos níveis de estradiol, que contribuem para a manutenção da endometriose. Além disso, são ricas em ácido araquidônico, que em excesso, aumentam os níveis de substâncias inflamatórias, piorando o quadro.


Consuma alimentos fonte de ômega 3
Peixes, castanhas, sementes e algas são ricos nessa substância que tem potencial de reduzir os sintomas, como dores e desconfortos pélvicos causados pela endometriose, melhorando assim a qualidade de vida. Além disso, uma alimentação rica em ômega 3 possui propriedades anti-inflamatórias, que sabemos são essenciais em casos de endometriose. Vale lembrar aqui que a suplementação isolada não substitui a alimentação, devido aos vários nutrientes e compostos bioativos encontrados nos alimentos in natura e a própria interação entre os nutrientes.


Evite ao máximo as gordura trans 
Esse é um tipo de gordura vegetal que passa por um processo de hidrogenação industrial. Presente em diversos produtos industrializados, como margarina, cookies, bolachas recheadas, é nociva à saúde, gerando mediadores pró-inflamatórios. “Estudos têm demonstrado um aumento na incidência de 48% de endometriose naquelas mulheres que apresentavam uma alimentação com maior frequência de gordura trans”, diz Natalia.


Vale ressaltar que a oferta adequada desses nutrientes deverá ser ajustada ao hábito e costume de cada paciente, sendo esse planejamento 100% individualizado.


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