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Mãe e Atleta: Minha maior realização da vida é ver o orgulho dos meus filhos falando sobre o meu trabalho

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Mãe e Atleta: Minha maior realização da vida é ver o orgulho dos meus filhos falando sobre o meu trabalho

Do esporte para a vida. Da vida para o esporte. As funções de mãe e chefe de equipe da Seleção Brasileira de Skate se fundem na história de Tatiana Lobo, que une filhos, marido e o gerenciamento de 37 atletas numa grande família.

05/05/2022

“A maternidade para mim sempre foi um sonho. Desde pequena me lembro de dizer que queria ser mãe. Sempre achei muito mágico poder gerar um outro ser. E realmente eu tive a comprovação do que era isso na prática: amei demais estar grávida. Se pudesse teria 10 filhos! Meu obstetra fala que eu sou “parideira” e brinca que eu poderia me candidatar para barriga solidária, risos. Me sentia a pessoa mais incrível do mundo! A mais linda, mais poderosa, excepcional. Acho que com aquela barriga eu tinha a sensação que eu era a mulher mais poderosa do planeta. Cada vez que eu ia na consulta com o meu médico eu pedia para fazer ultrassom porque eu pirava naquela evolução toda que estava acontecendo dentro de mim. Sentir a barriga crescer, os movimentos… Ah, tudo isso me mostrava uma potência inexplicável.


Meus dois partos também não poderiam ter sido melhores. Matheus e Manuela nasceram de parto normal. Sei que tem muita mulher que, às vezes, até pensa duas vezes para ter outro filho porque não teve uma boa experiência na gravidez ou no parto, mas comigo foi completamente favorável. Me arrepio só de pensar nesse momento e lembro exatamente da sensação de “poder”, que foi parir meus dois filhos. No momento do nascimento, meu choro era de encantamento, de ver que era real tudo aquilo. Havia pele, cílios, unha, eles mexiam os olhos. Não dá para negar que fui e sou muito fascinada pelo fato de gerar vida. É quase um super poder, vai?! E tudo isso sempre foi muito natural, esteve comigo. Lembro de ter ido em festas e me abstrair do “mundo dos adultos” para entrar no universo das crianças. 

Tatiana Lobo fala sobre os desafios de ser mãe e atleta

Sempre cabe mais um!

Outra característica muito forte minha, é que sempre fui muito agregadora e quis fazer muita coisa ao mesmo tempo. Eu sabia que quando os filhos viessem eles demandariam atenção e, por isso, deixei para engravidar depois dos 30 anos. Aos 35 veio o Matheus e aos 37 a Manuela. Quando eles chegaram eu já estava com uma carreira consolidada, com minha empresa de licenciamento de marcas e ter um negócio próprio proporcionou algumas vantagens, como ter autonomia sobre meu tempo e poder cuidar de forma integral do meu filho até os sete meses de vida, e só depois disso contratar uma babá. Quando ele completou 1 ano e meio, descobri que eu estava grávida da Manu. Comecei a tentar engravidar e aconteceu no mês seguinte! 


Quando a Manu nasceu, o Matheus tinha 2 anos e 5 meses e eu construí um escritório em casa.  E agregadora que sou, achei que ainda cabia mais coisas na rotina e inventei de virar sócia da minha cunhada num negócio de roupas. Nesse tempo, um dos agenciados da minha empresa era o skatista Bob Burnquist, que trouxe mais tarde as skatistas Leticia Bufoni e a Rayssa Leal, a Fadinha, que tinha 7 anos e seu vídeo andando de skate com roupa de fada havia viralizado na internet. Meu lado mãe estava bem aflorado – acho que sempre foi –  e devo ter achado que ia ser ótimo ter mais uma criança ali no meu convívio. Risos… Minha relação com a Rayssa, assim como com todos os outros atletas, sempre foi de cuidado, muito mais do que só uma agente profissional ou algo do tipo. Sempre cuidei, como cuidava dos meus filhos, que aliás, sempre carreguei comigo em tudo o que pude, de eventos à treinos e competições pelo país. Essa era uma forma de agregar todo mundo, além de achar que juntar as minhas crianças com as crianças atletas, deixaria todos confortáveis num ambiente mais leve e infantil. E eu sempre respeitei a criança antes de vê-la como atleta. Lembro, inclusive, de um evento de uma marca no Dia das Crianças, que a Rayssa ia participar em São Paulo e a Globo ia fazer uma entrevista com ela vestida com a roupinha de fada feita pela avó. Estava tudo combinado, mas ela simplesmente não quis deixar as brincadeiras para dar entrevista. Diante da decisão dela, eu resolvi respeitar aquele momento. Jamais a obrigaria ou usaria artimanhas para convencê-la de botar aquela roupa e subir no skate. Eu não faria isso com um filho meu e não fiz com ela. E tudo bem! Ela não deixou de ser quem era por isso. Claro que fiquei constrangida pelo lado profissional, mas pedi desculpas e vida que segue. 


Uma grande família: mãe e atleta

Essa relação de respeito, de ser cuidadora e responsável pelos atletas sempre foi muito marcante na minha vida e me guia até hoje. Esse ano, sou chefe de equipe de 37 atletas do Skate, boa parte deles adolescentes. E eu acredito que não só os pais dos atletas como os próprios atletas, devem ver em mim essa mãezona. Tem atleta de 30 anos que me chama de mãe (e eu tenho idade para ser mãe dele mesmo! Risos..) Porque acho que existe essa relação maternal, de respeito e de cuidado, além do profissional. Às vezes, eu penso que até devem esperar que eu seja mais “chefe” de equipe, mais durona, afinal, trabalho com um universo competitivo, de atletas, onde é esperado e tido como normal ir à exaustão para alcançar os objetivos. Sem dúvidas, eu sei que devo ser diferente nesse sentido. Mas de verdade? Acredito muito que essa minha forma de conduzir também pode dar muito certo. Prefiro continuar sendo mais flexível e respeitando os limites e necessidades de cada um… Tenho dois filhos que foram criados de maneira igual em tudo e ainda assim são completamente diferentes. Imagine ter mais de 30 pessoas, de lugares diferentes, situações de vida diferentes. É preciso muito respeito às necessidades individuais e ser mãe só contribuiu ainda mais para esse entendimento. 


Na minha função, eu preciso ter a confiança dos pais também, que muitas vezes vão deixar seus filhos sob minha responsabilidade, como aconteceu na fase preparatória das Olimpíadas nos Estados Unidos, num cenário de Covid bombando. Esses pais assinaram uma declaração me autorizando a ser responsável pelos filhos deles durante vários dias em outro país em plena pandemia. Como eu posso ser apenas uma chefe de equipe e separar a Tatiana pessoa da profissional? Para mim, isso não existe! Uma complementa a outra. Se eu não passo para os pais e atletas, que sou uma pessoa em que eles podem confiar para tudo, está tudo errado.  


Culpa materna versus orgulho dos filhos

Meu trabalho e minha família se fundem. Meu filho gosta de skate. Meu marido também, então sempre que podemos está tudo junto e misturado. Eu já tive reflexões sobre como eu deveria me portar, se seria bom separar a profissional, da mulher e mãe. Mas não seria eu! Eu não consigo ser de outro jeito e me parece que esse jeito dá resultado! Os atletas estão avançando em suas conquistas e estão sendo olhados como pessoas antes de qualquer competição. Em todas as áreas de trabalho, cuidar da saúde mental e das emoções é algo que está sendo muito mais visto e valorizado atualmente. E isso é muito presente no meu trabalho com esses atletas. 


Existe culpa por não estar tão presente quanto eu gostaria na vida da minha família? Claro que tem! Mas se torna mais fácil de lidar por eu ter a oportunidade de trazer meus filhos e meu marido para o meu ambiente profissional. Imagina que num domingo eu precisei encontrar vários atletas na véspera de uma competição internacional, para agilizar algumas demandas deles. Se eu não pudesse levar a minha família comigo, eu ia sofrer! Mas, por outro lado, sei que eles curtem estar junto dos atletas. Todos se conhecem, sabem as histórias, compartilham experiências. Então se torna muito mais leve. 

Sei que meus filhos me acham uma mãe super bacana, cheia de amigos que eles são fãs. A Rayssa, por exemplo, segue meu filho nas redes sociais, então imagina o quanto ele se gaba disso, né? Risos. A minha filha conta para todo mundo que eu fui para as Olimpíadas, que eu cuidava da Rayssa. Foi bem puxado ficar longe dos meus filhos na fase de preparação e durante as Olimpíadas, por quase três meses, vindo para o Brasil vez ou outra nos intervalos? Foi super! Mas desde as reuniões de planejamento, eles sempre souberam de tudo: para onde eu estava indo, quanto tempo eu ficaria. Sempre fui muito transparente com eles. Tive vários momentos de saudades e de chorar? Tive! E eles também tiveram. Mas faz parte e existe muita verdade em nós. Acredito que se tudo é conversado antes, as coisas ficam melhores. Eles sabiam o tanto de dias que eu ficaria fora e até criamos um calendário para eles saberem quantos dias faltava para meu retorno. Nunca teve um discurso do tipo: “logo eu volto, vai ser rápido”. Não vai. Não vou mentir. E isso, no fim das contas, dá segurança para eles”. 

Mas claro, todos sentimos. Um outro fato, por exemplo, é que dia 18 de julho é aniversário da minha filha e em 2021, foi o dia que embarquei para Tóquio. Não havia outra opção. Então, ela sempre ficava falando que eu não estaria no dia do aniversário (culpa!!! Risos…), mas fizemos muitos parabéns para ela durante toda a minha escala até o Japão. Liguei para ela dos Estados Unidos, da Alemanha, em Tóquio… e foi muito bacana. A tecnologia e o Facetime ajudam muito a amenizar os momentos de saudades que surgem. E aí, claro, também nos organizamos, meu marido viajou com a família para um passeio incrível com ela. 

Olhando agora para esse desafio das Olimpíadas, vejo o quanto foi bom ter ido! Foi uma grande realização profissional, pessoal e até para a minha família, para os meus filhos. A minha maior realização é ver o orgulho deles em relação ao meu trabalho, animados por serem filhos daquela mulher que todo mundo viu comemorando na televisão. Deu um alívio e um reconhecimento tão grande, que validou ainda mais que estamos no caminho certo.“

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