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Arte e Infância: como incentivar as crianças nas artes?

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Arte e Infância: como incentivar as crianças nas artes?

Acompanhe nosso bate-papo para entendermos como é o cotidiano de uma família de artistas e pensar juntas em estratégias com objetivo de incentivar as crianças nas artes

20/07/2022

De que as artes enriquecem a nossa vida não há dúvidas. A beleza e emoções transmitidas por uma música, um filme, um belo quadro ou escultura emolduram nosso cotidiano e fazem o dia valer a pena. Mas como será que é o dia a dia da filha de um grande artista? E como incentivar as crianças nas artes? Conversamos com a estrela Mariana Amaral, que teve o privilégio de viver uma infância rodeada de artistas. É filha de Antônio Henrique Amaral (1935 – 2015), renomado pintor, gravador e desenhista brasileiro, e sobrinha de três incríveis mulheres com importantes obras reconhecidas nas artes brasileiras: Aracy Amaral (curadora e crítica de arte), Suzana Amaral (cineasta) e Ana Maria Amaral (dramaturga e diretora de teatro). Acompanhe nosso bate-papo para entendermos como é o cotidiano de uma família de artistas e pensar juntas em estratégias com objetivo de incentivar os pequeninos nas artes.

Enquanto estiverem em contato com as exposições, é possível fazer perguntas direcionadas às crianças, que se sentirão ouvidas e construirão confiança no momento….Lembrando, como sempre, que não há resposta correta para esse tipo de pergunta. Jamais diminua ou ridicularize qualquer resposta, por mais estranha que possa ser.

Mariana Amaral

Quem foi Antônio Henrique Amaral?

Pintor, gravador e desenhista, iniciou sua formação na Escola do MASP e, em 1957, ingressa no ateliê de gravuras do MAM-SP. Também estudou no Pratt Graphic Art Center, em Nova York, cidade onde permaneceu até 1981. Retornando ao Brasil, atua em seu próprio estúdio em São Paulo, realizando inúmeras exposições individuais de pintura e obras sobre papel, tanto no Brasil quanto no exterior. Participou de sete Bienais de Arte de São Paulo, além de importantes mostras coletivas. Atualmente podemos encontrar suas obras em diversos museus no Brasil, América Latina, Estados Unidos, Europa e Japão.

Como era conviver tão de perto no dia a dia de um artista?

Na nossa rotina, o ambiente era diferente do que eu via na casa de meus amigos. Meus pais eram separados e, desde pequena, eu convivia com exposições e artistas. Eu tinha uma melhor amiga, cuja mãe era dentista, e quando ia para casa dela, eu observava que eles tinham outra relação com a cultura e a arte. Na minha família, além do meu pai, minhas tias também são artistas, por essa razão o ambiente sempre foi muito descontraído, mais informal do que eu observava nas outras famílias. Além disso, a leitura era muito frequente no nosso cotidiano.

Seu pai estimulava que você desenhasse ou pintasse?

Não havia um estímulo direcionado, uma atividade guiada por ele. Mas o desenho fazia parte do dia a dia. Meu pai estava sempre desenhando e pintando, era muito disciplinado quanto aos estudos e técnicas. Na mesa do restaurante, por exemplo, quando tinha papel, ele desenhava e eu ficava observando, mas aquilo nunca foi uma aula. O que acontece é que eu frequentava exposições com a família e isso fez com que eu caminhasse em outro estrato da sociedade, eu pude observar de dentro.

Quais pontos dessa relação da arte na infância você carrega na vida adulta?

Meu pai e a arte eram inseparáveis! A experiência maior que eu carrego dessa experiência é a seriedade e o compromisso que ele tinha com sua obra. Ele estudava bastante, dedicava-se à técnica, então essa é uma habilidade que eu aprendi com ele. Eu o tenho como o grande exemplo de comprometimento.

E com seus filhos? Qual é a convivência que eles têm com as artes?

Tenho dois filhos, eles convivem com arte enquanto herança familiar, mas acredito que eles não vão seguir carreira nas artes visuais.

Você recomenda às famílias que incentivem as crianças na relação com as artes?

Sim. Caso a família tenha condições financeiras, considerando o contexto em que vivemos com as crianças muitas vezes consumindo criações simples nas redes sociais, como Tik-tok por exemplo, é recomendável que a criança seja estimulada no contato com a arte, para que a criação e a paixão pela arte sejam uma opção para ela.

Como pode ser a rotina de uma família que quer estimular o talento artístico de uma criança?

A arte pode fazer parte da rotina da criança de maneira natural. Assim como a criança frequenta outros espaços, ela pode conviver com exposições, por exemplo. Uma maneira de apoiar o desenvolvimento artístico da criança é simplesmente deixá-la em contato com a arte. Acredito que isso vai depender da rotina da própria família, ou seja, se a família vive a arte no seu cotidiano, naturalmente a criança vai ter contato com isso. Assim, mesmo que no futuro ela escolha ter outra profissão, a arte será constituinte de sua personalidade. A arte pode portanto incorporar primeiro a rotina da família, o contato da criança será uma consequência disso.

Estudos do National Endowment for the Arts (NEA) nos Estados Unidos, por exemplo, apontam que crianças que convivem com arte em seu cotidiano desde a primeira infância tendem a desenvolver habilidades sociais e emocionais, como o ajudar, o cuidar e o compartilhar pensamentos, ideias e emoções. Além disso, o contato frequente com as artes relaciona-se à maneira como a criança compreende o mundo ao seu redor e também pode amenizar emoções negativas e traumas.

Como se organizar para o passeio ao museu com as crianças?

Quando fizer um passeio aos museus com as crianças, veja se é possível visitar exposições interativas, hoje em dia muitas delas são assim. Exposições lúdicas e interativas encorajam as crianças e conectam os membros da família, não só na apreciação, como também no fazer.

Enquanto estiverem em contato com as exposições, é possível fazer perguntas direcionadas às crianças, que se sentirão ouvidas e construirão confiança no momento. Perguntas como “o que você acha que pode fazer com essa cor?” ou “essa máscara se parece com o quê?”. Para crianças maiores, já é possível estimular também a interpretação das obras: “Essa pintura faz você se sentir como?”, “Por que será que o artista usou este material?”. Lembrando, como sempre, que não há resposta correta para esse tipo de pergunta. Jamais diminua ou ridicularize qualquer resposta, por mais estranha que possa ser. Procure proporcionar um ambiente para que a criança sinta-se livre e segura!

Aproveite o momento para também compartilhar suas emoções, lembranças e percepções sobre o que estão observando e criando, construindo assim um vínculo de intimidade e laços afetivos fortes.

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Mariana Valdrighi Amaral

Formada em Cinema, atualmente trabalha com arte e cultura. Após a morte do pai, fundou o Instituto Antonio Henrique Amaral com o objetivo de conservar e divulgar o legado do artista.

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