Choro. Ansiedade. Saudades. Essas são algumas das emoções que as famílias enfrentam na transição dos bebês para a escolinha. Se em março de 2020 já era difícil a iniciação de crianças de até dois anos nos espaços educacionais, o que os pais e mães podem esperar dessa nova geração que nasceu durante o período de isolamento?
Devido à convivência familiar em praticamente 100% do tempo durante os dois últimos anos e com interações quase nulas com outros grupos, desenvolver a adaptação em um novo ambiente social pode desencadear ansiedade não somente na criança, como também nos pais e cuidadores. Para nos ajudar a entender como podemos fazer deste processo um momento menos doloroso para todos, convidamos nossa estrela-pedagoga, Beatriz Peres, diretora da Escola Pequeno Reino Infantil, em São Paulo, que atua com crianças há 54 anos.

Filhos do isolamento social
Os bebês que nasceram em 2020 vivenciaram uma dinâmica de interação totalmente diferenciada dos nascidos em outras épocas. Considerada a “geração da pandemia”, esses pequenos tiveram seus primeiros dias de socialização somente com seus pais, as comemorações de datas especiais entre família e amigos aconteciam apenas online.
Este afastamento das outras crianças pode afetar os estímulos sensoriais importantes nesta fase da vida. Isto porque, logo nos primeiros quatro meses de vida, os pequenos começam a reconhecer outros bebês, iniciando uma leve interação. Em seis meses, as mães e os pais ainda são os seus principais heróis, mas já estão mais abertos a conhecerem outras pessoas. Já com um ano, inicia a fase de fazer amizade.
Na pandemia, o isolamento social retirou dos pequenos a oportunidade de frequentar a escola, conhecer espaços de lazer, participar de atividades e ter interação com outros amiguinhos e parentes, o que ajuda a gerar uma diversidade de sentimentos.

Transição para a escolinha
Com o sucesso da campanha de vacinação contra COVID, a retirada das máscaras e a melhoria no contexto sanitário do país, muitos pais que estavam com receio de colocar os bebês na escolinha já começaram essa procura e/ou estão cogitando fazer essa transição em breve. Com isso, muitas crianças estão prestes a conhecer novos coleguinhas ou já estão tendo os primeiros contatos com os amigos e as professoras. Mas será que esse está sendo um processo fácil tanto para eles, quanto para os pais?
“O que tenho observado é que essa adaptação pós-isolamento costuma ser mais difícil para os pais do que para as crianças. Por isso, indicamos que os responsáveis também participem dessa integração para que todos possam sentir segurança, tendo o cuidado de respeitar o tempo de cada criança e de cada família.”, orienta Beatriz.

Essa análise é importante também para o controle de ansiedade dos tutores, preocupados com o bom desenvolvimento e futuro dos filhos em um ambiente saudável e seguro. “As mães e os pais são os grandes heróis das crianças, e por isso elas se baseiam nas reações dos familiares, absorvendo todos os tipos de sentimentos. A pandemia gerou muitos medos nos adultos, e agora precisamos deixar claro para a criança que estamos num momento mais seguro, e que os pais também enxergam a escola como um ambiente seguro”, observa a diretora.
Uma dica importante, segundo Beatriz, é utilizar do imaginário e da linguagem da própria criança ao conversar sobre a ida para a escola. É importante apresentar a escolinha como um lugar seguro e acolhedor, assim como nossa casa. Ressalta que, neste espaço, será possível conhecer novas pessoas, brincar e se divertir muito, além de aprender sobre diversos assuntos. “Use e abuse da linguagem infantil nessa conversa. Diga para a criança que ela está indo a um lugar maravilhoso, mágico! Fale que na escola, ela vai se divertir e viver aventuras! Deixe as crianças sonharem neste momento, com antecedência e com calma, afinal, elas estão na fase de sonhos! Transforme a escolinha em um novo mundo de possibilidades necessárias para o seu crescimento.”, finaliza.

As mães e os pais são os grandes heróis das crianças, e por isso elas se baseiam nas reações dos familiares, absorvendo todos os tipos de sentimentos. A pandemia gerou muitos medos nos adultos, e agora precisamos deixar claro para a criança que estamos num momento mais seguro
Beatriz Peres
Na Stellar, reunimos ideias, pessoas e produtos do mundo infantil e de família em um universo digital. Fazemos brilhar marcas brasileiras de roupas, acessórios, móveis e mais que têm como propósito criar produtos que cuidam do bem-estar dos nossos filhos, das nossas famílias e do nosso planeta. Conectamos essa constelação– os designers, os especialistas e mais- com todos que buscam consumir cada vez mais de maneira consciente e sustentável. Queremos ver brilhar, umas às outras, reunindo um universo de histórias inspiradoras para guiar o seu movimento de transformação.
Se você conhece outras famílias que estão cogitando a transição dos seus pequenos para a escolinha, compartilhe com carinho essas dicas da Beatriz, assim podemos tornar esse momento mais leve e proveitoso para todos.